A violência doméstica e familiar contra a mulher atinge todas as esferas sociais e reflete em todos os setores da vida da vítima. O crime vai além da violência física, podendo ser moral, psicológica, sexual e patrimonial. Em muitas ocasiões, as mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade têm medo de sair da relação abusiva por vergonha, dependência financeira e/ou emocional ou mesmo por falta de uma rede de apoio. As vítimas estão presas em um ciclo de violência que inclui uma evolução, onde geralmente o ponto inicial não é a agressão, mas gestos sutis, abrangendo a fase de lua de mel, passando pela tensão e a explosão, podendo chegar à morte.
Em 2023, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) registrou um aumento de 0,8% nos casos de feminicídio no Brasil, totalizando 1.467 mulheres mortas. Em resposta a esses números alarmantes, o Governo do Pará e a Polícia Militar do Pará adotam diversas estratégias preventivas e educativas, como o disque-denúncia 181 e o número (91) 98115-9181 - IARA, além de promover palestras que abordam a violência doméstica.
Para orientar as policiais militares femininos que atuam em unidades da Região Metropolitana de Belém (RMB), o Estado-Maior Geral da Polícia Militar, por meio da Companhia Independente Especial de Polícia Assistencial (Ciepas), promoveu, durante a manhã desta terça-feira (27), a primeira campanha contra a violência contra mulher, que envolveu um ciclo de palestras relacionadas ao Agosto Lilás, intitulado ‘’Diálogo sobre a Violência Doméstica - A Polícia Militar Por Elas”. O evento contou com a participação do Coronel QOPM Ariel, Chefe do Estado-Maior Geral da PM, e teve como palestrantes a Drª. Larissa Machado, Defensora Pública do Estado, a Major Helen, subchefe do Centro Integrado de Atenção Psicossocial (CIAP), e a 3º SGT PM Tatiane, mestre e auxiliar da 2ª Seção do Estado-Maior Geral da PMPA.
O Coronel Ariel destacou a importância de discutir a violência doméstica, apontando que o aumento das denúncias reflete uma maior confiança das mulheres nas instituições como a Defensoria Pública, o Ministério Público, e as Polícias Militar e Civil. Ele também mencionou que a Polícia Militar está finalizando estudos para aprimorar o atendimento às vítimas de violência, tanto para o público externo quanto interno. “Estamos implementando novas rotinas para melhor apoiar as policiais que também enfrentam essa realidade”, afirmou, anunciando, ainda, a futura publicação de portarias para normatizar esses atendimentos, incluindo instrução normativa referente à Lei Maria da Penha.
Destinada principalmente ao efetivo feminino da Polícia Militar, a palestra teve como objetivo educar e conscientizar sobre a violência doméstica, que muitas vezes é invisibilizada e banalizada pela sociedade. A Dra. Larissa Machado destacou o trabalho do Núcleo de Prevenção à Violência de Gênero da Defensoria Pública (Nugen), que oferece suporte jurídico e psicossocial às vítimas na sede, localizada na Tv. 1 de Março, 766, Campina, Belém.
Durante o diálogo, foi enfatizado que a educação pode levar à ressignificação e contribuir para a construção de uma sociedade melhor. O CIAP tem desempenhado um papel crucial ao fornecer apoio social e psicológico tanto para as vítimas quanto para os agressores, promovendo intervenções que buscam coibir esse tipo de violência de maneira eficaz ao efetivo militar e dependentes.
Após as falas dos palestrantes, o evento foi aberto para perguntas, permitindo um diálogo mais aprofundado sobre o tema. Ao final, as palestrantes foram gratificadas com certificados em reconhecimento pela contribuição sobre o tema.